A Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra, realizada entre agosto e setembro de 2023, revela dados alarmantes sobre a situação de mulheres negras no Brasil. Segundo o levantamento, 85% das mulheres negras que vivenciam algum tipo de violência doméstica ainda residem com seus agressores devido à ausência de independência financeira. Essa realidade expõe como a vulnerabilidade econômica está fortemente atrelada a episódios de abusos físicos e psicológicos.
Além disso, o estudo mostra que 32% das entrevistadas que não conseguem se sustentar já relataram ter sofrido agressão. Dessas, 24% afirmaram que os episódios ocorreram nos últimos 12 meses. Um dado ainda mais preocupante é que, entre aquelas que enfrentaram abuso, 27% não possuem nenhuma renda e 39% afirmam que seus rendimentos não são suficientes para sustentar a si mesmas e seus dependentes.
Os tipos de violência enfrentados são variados, com a violência psicológica se destacando em 87% dos casos, seguida pela violência física em 78% e moral em 76%. Menos comuns, mas ainda preocupantes, são as violências patrimonial (33%) e sexual (25%). É alarmante que 7% das mulheres entrevistadas não reconheçam suas experiências como violência doméstica, o que pode dificultar ainda mais a busca por ajuda.
Outro fator que contribui para que muitas mulheres permaneçam em ciclos de violência é a presença de filhos. Estima-se que 80% das mulheres negras que sofreram abuso tenham crianças menores de idade em casa, o que complica ainda mais as decisões relacionadas à segurança e ao rompimento de relacionamentos abusivos. As consequências da violência não se limitam apenas ao sofrimento individual, mas se estendem a toda a família e à sociedade.
A pesquisa foi conduzida com um total de 13.977 mulheres brasileiras negras, com uma margem de erro de 1,44% e um nível de confiança de 95%. Os dados revelam a necessidade urgente de políticas públicas que abordem a falta de renda e ofereçam suporte às mulheres que enfrentam situações de violência doméstica.