O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, em evento realizado na última quinta-feira, 12 de dezembro de 2024, destacou que a melhor forma de garantir segurança jurídica em casos que a Corte não possui capacidade institucional é devolvê-los. Fux levanta questões sobre a regulação das redes sociais e sua relação com os novos desafios impostos pela inteligência artificial (IA).
Durante o seminário STF em Ação, o magistrado declarou: “Sou contrário a essa postura e interpreto a Constituição como a obrigação do Supremo decidir não decidir, e devolver o caso”, enfatizando a complexidade do tema que requer um entendimento mais profundo, algo que acredita que o STF atualmente não possui.
Na visão de Fux, “falta expertise ao STF” para enfrentar questões que envolvem as redes sociais em um momento tão prematuro de discussão legislativa. Ele argumentou que o processo de regulação da IA está apenas começando, o que traz desafios significativos para a corte. “Nós estamos agora nos deparando com um problema dificílimo que é a regulação das redes, da inteligência artificial,” observou o ministro.
Com a recente aprovação de um projeto no Senado para regulamentar o uso de IA no Brasil, Fux alertou sobre a falta de entendimento abrangente sobre a tecnologia. “Ainda podemos afirmar que tudo o que se sabe hoje sobre a IA é que ninguém sabe nada sobre ela,” comentou o ministro, afirmando que a Corte, sem a devida formação, não deve se apressar em suas decisões.
A cláusula contida na Constituição que estipula a análise judiciária de qualquer lesão ou ameaça tem gerado um acúmulo de demandas sobre temas que excedem o conhecimento jurídico tradicional, como medicina e educação. “O Parlamento não quer pagar o preço social das suas decisões e empurra tudo para o Supremo,” ressaltou Fux, evidenciando um desafio estrutural no sistema legislativo.
Para encerrar, ele enfatizou que o profissional do direito deve estar apto a lidar com mais de 14 milhões de dispositivos legais, além de ter que se deparar com questões interdisciplinares de outras áreas. A falta de um consenso claro e efetivo sobre a regulação das redes sociais e da IA pode continuar a provocar uma sobrecarga no Supremo, dificultando a prestação efetiva da justiça no Brasil.