Horácio Lafer Piva, que foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) de 1998 a 2004, expressou preocupações graves sobre a condução da política econômica pelo atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em uma recente entrevista. Piva classificou a abordagem econômica de Haddad como um “negacionismo econômico”, distanciando-se dos princípios fundamentais da economia. Ele alerta que “estamos diante de um enorme constrangimento fiscal”, especialmente em relação aos gastos excessivos do governo.
O economista, que é pós-graduado em administração de empresas pela FGV, também destacou a falta de um plano estratégico claro por parte do governo. Essa ausência gera insegurança no ambiente de negócios e prejudica a confiança dos investidores. Em suas observações, ele falou sobre a reforma tributária, questionando a falta de clareza e previsibilidade sobre seus impactos diretos para o setor produtivo. Segundo Piva, o governo e o Congresso parecem estar mais preocupados com interesses políticos do que com a implementação de estratégias econômicas sólidas.
Ele apontou que a reforma tributária, que inicialmente começou com boas intenções, está sendo “engolida por lobbies empresariais e do governo”. Piva enfatizou que, além da reforma tributária estar “desidratada”, a busca por um equilíbrio fiscal está sendo feita de maneira desconexa, sem uma articulação eficaz na equipe econômica. Ele afirmou: “Brasília parece, às vezes, não viver no Brasil”, referindo-se à desconexão entre as políticas governamentais e as realidades econômicas.
A falta de diálogo do governo com o setor produtivo também foi uma das principais críticas de Piva. Para ele, é essencial estabelecer um novo espaço de interlocução entre o governo e os investidores. Ele refletiu sobre como o relacionamento com o setor financeiro não deve se restringir apenas aos bancos, mas deve incluir também os fundos de investimento e outros agentes econômicos. “É preciso haver um novo espaço de interlocução entre governo e todo esse pessoal,” acrescentou.
O ex-presidente da Fiesp expressou preocupação com os impactos que as políticas populistas e de curto prazo podem ter na economia brasileira. Ele vê isso como uma ameaça à recuperação e ao crescimento consistente do país. Piva concluiu sua análise de forma alarmante, dizendo: “Estou vendo uma piora do cenário, uma piora do humor, apesar das declarações otimistas do governo”. Essa observação levanta questionamentos sobre as prioridades atuais do governo em relação a investimentos de longo prazo versus a necessidade de estabilização financeira imediata.