O CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, comunicou em uma declaração recente que a rede de supermercados global não comercializará mais carne proveniente do Mercosul, blocos que inclui Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A decisão foi anunciada nas redes sociais e gerou controvérsia tanto na França quanto no Brasil.
Embora a medida pareça ter motivações políticas e de proteção econômica à agricultura francesa, o Carrefour Brasil se apressou a afirmar que sua política de compras permanece inalterada. Em entrevista ao g1, a filial brasileira destacou que essa restrição não afetará suas operações no país e que continuarão a adquirir carne de frigoríficos locais, mantendo a prática de abastecer suas 1,2 mil lojas majoritariamente com carne brasileira.
A reação do governo brasileiro foi imediata. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou uma nota rechaçando as declarações do CEO, ressaltando o compromisso do Brasil com qualidade e boas práticas agrícolas. O ministério sublinhou que a agropecuária brasileira atende a rigorosos padrões exigidos pela União Europeia e que os produtos brasileiros são respeitados e atestados por autoridades sanitárias do bloco europeu.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) também lamentou a declaração do CEO do Carrefour. A associação considerou a decisão contraditória, uma vez que a operação do Carrefour no Brasil depende significativamente da carne brasileira. A Abiec destacou que, em 2023, o Brasil respondeu por 27% das importações de carne bovina da União Europeia, enquanto o Mercosul correspondia a 55% desse total. Portanto, a limitação das vendas de carne pode não apenas afetar o mercado externo, mas também comprometer o fornecimento interno.
Além disso, a Abiec alertou que a decisão do Carrefour pode impactar negativamente o negócio em si, uma vez que a produção local não é capaz de satisfazer toda a demanda no país. O futuro das operações da empresa e sua relação com o mercado brasileiro de carne será acompanhado de perto por entidades do setor e pelo governo.