O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) iniciou uma investigação envolvendo a conduta de juízes do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) após um jantar polêmico com o empresário Luciano Hang, proprietário das Lojas Havan. O evento, que ocorreu em 16 de dezembro de 2024 em Brusque (SC), gerou questionamentos sobre a imparcialidade dos magistrados, uma vez que Hang é parte em processos que estão em andamento no tribunal.
Durante o jantar, que celebrava a reinauguração da Casa Renaux, um edifício histórico restaurado por Hang, os desembargadores Saul Steil e Jairo Fernandes Gonçalves, que já haviam tomado decisões favoráveis a ele em 2021, foram alguns dos presentes. Essa relação próxima levanta preocupações sobre possíveis conflitos de interesse e a ética profissional dos envolvidos.
O ministro Mauro Campbell Marques, corregedor nacional de Justiça, determinou a investigação ao avaliar que as circunstâncias poderiam comprometer a integridade do sistema judiciário. Se a investigação comprovar a parcialidade dos juízes, eles poderão enfrentar sanções severas, incluindo a aposentadoria compulsória.
A desembargadora Haidée Grin, que também participou do jantar, é a relatora de um recurso apresentado por um professor que foi condenado a pagar R$ 20.000 a Hang. Essa conexão suscita mais uma vez a pergunta: até que ponto as relações sociais e eventos pessoais podem influenciar a decisão judicial?
Em nota, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina defendeu que “o princípio da independência funcional garante aos magistrados a autonomia e a imparcialidade necessárias ao exercício de suas funções”. Entretanto, as dúvidas persistem entre a sociedade, que espera de seus juízes não apenas o cumprimento da lei, mas também uma postura ética e transparente.
A investigação do CNJ não é o primeiro caso em que juízes se encontram no centro de controvérsias envolvendo figuras públicas. A necessidade de fortalecer os mecanismos de supervisão e promover uma maior transparência nas ações judiciais é um desafio que ainda precisa ser abordado. Assim, o desfecho dessa investigação será crucial para recuperar a confiança do público no sistema judicial.