O novo presidente da Geórgia, Mikheil Kavelashvili, do partido Sonho Georgiano, tomou posse em 29 de dezembro de 2024, em um cenário repleto de tensão política. O pleito que resultou em sua eleição, realizado em 14 de dezembro, é envolto em controvérsias, levando a oposição a questionar a legitimidade do processo. Kavelashvili, um ex-jogador de futebol e defensor de políticas pró-Rússia, recebeu 224 votos do Colégio Eleitoral, que é composto por 300 autoridades, incluindo os 150 parlamentares.
Em seu discurso inaugural, Kavelashvili declarou: “Serei o presidente de todos, independentemente de gostarem de mim ou não“. Ele enfatizou a importância da paz para o desenvolvimento e a sobrevivência da nação, destacando a necessidade de unificação em tempos de divisão. A presidente de saída, Salome Zurabishvili, convocou manifestantes em frente ao governo, pedindo novas eleições e defendendo a legitimidade do seu mandato.
Os acontecimentos recentes na Geórgia têm sido marcados por protestos intensos. Desde o desfecho das eleições, mais de 300 pessoas foram detidas em diversas manifestações que ocorreram em resposta à decisão do governo de interromper as negociações de adesão à União Europeia. Vídeos de manifestações mostram confrontos com a polícia, que usou gás lacrimogêneo e canhões de água contra os protestantes em Tbilisi.
O primeiro-ministro, Irakli Kobakhidze, defendeu o governo, dizendo que a oposição orquestrou a violência durante os protestos. Ele reconheceu a presença de violência policial nos primeiros dias, mas afirmou que medidas foram tomadas para evitar uma nova escalada. A situação revela a polarização política no país, onde a luta entre forças pró-Ocidente e pró-Rússia continua intensa.
A nova administração pretende retomar as negociações para a adesão da Geórgia à União Europeia, ao mesmo tempo em que busca restaurar laços com a Rússia. O partido de Kavelashvili enfrenta desconfiança e resistência popular devido a uma legislação apelidada de “lei russa”, que reforça a ideia de controle sobre organizações não governamentais e meios de comunicação. Essa lei, que demanda que entidades com mais de 20% de financiamento estrangeiro se registrem como “agentes de influência estrangeira”, foi um catalisador para a revolta popular recente.
A situação na Geórgia é um indicativo da crise mais ampla que afeta diversos países do Leste Europeu, onde a interferência russa e a luta por soberania acionam manifestações e um debate acirrado. À medida que os cidadãos se manifestam em busca de identidade e autonomia, as decisões políticas e a direção futura do país continuam a ser amplamente discutidas.
Com a tensão política em alta, o futuro da Geórgia se apresenta incerto. Kavelashvili terá que navegar em um ambiente desafiador, em busca de equilibrar interesses internos e externos, enquanto acalma um eleitorado dividido e repleto de preocupações sobre o futuro do país.