A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2024, realizada em Baku, Azerbaijão, foi marcada por intensas negociações e desafios. A ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, descreveu a experiência como uma “experiência difícil” durante seu discurso na plenária final da COP29, ocorrida em 23 de novembro de 2024. Durante sua fala, Marina ressaltou a importância de se alcançar um resultado minimamente aceitável para todos os países, em meio à emergência climática que afeta a humanidade.
As discussões sobre as contribuições financeiras dos países ricos às nações em desenvolvimento se prolongaram além do prazo estipulado, levando a um impasse quanto ao financiamento climático requerido pelos países em desenvolvimento. “Nós, que somos mães, se ficássemos apenas olhando para o processo das dores de parto, talvez a gente não olhasse com tanta ternura para a criança“, destacou Marina, ao comparar as negociações, ainda não finalizadas, ao processo de dar à luz.
No que diz respeito à pressão internacional, a ministra abordou também os desafios futuros, especialmente com a expectativa da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em janeiro de 2025. A líder ambiental afirmou que o convite para os EUA se comprometerem com a redução das emissões de gases de efeito estufa permanece aberto. “Não paramos quando os Estados Unidos não entraram no protocolo de Kyoto e no Acordo de Paris“, afirmou, enfatizando a necessidade de um compromisso global em favor do clima.
A próxima conferência, a COP30, prevista para novembro de 2025 na Amazônia, foi denominada de “COP das COPs” por Marina. Ela enfatizou que este evento deve representar uma oportunidade para restaurar o que parece estar sendo perdido devido às mudanças climáticas extremas que enfrentamos atualmente.
A ministra também criticou as propostas financeiras iniciais dos países desenvolvidos, que inicialmente eram de US$ 280 bilhões até 2035, mas que agora avançaram para US$ 300 bilhões anuais para cumprir os compromissos de justiça climática. Em sua análise, Marina destacou a importância de que os recursos atendam, de fato, às necessidades dos países mais vulneráveis, enfatizando que “assumimos não deixar ninguém para trás”.
O compromisso do Brasil com as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) até a COP30 também foi reafirmado, com a ministra ressaltando a necessidade de alinhamento de metas suficientemente ambiciosas para limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC.
Além disso, foi aceito um acordo sobre as regras para um mercado global de compra e venda de créditos de carbono, o que representa uma esperança para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa.