Durante uma reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)</strong) do Senado, o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) expressou sua indignação ao afirmar que os membros da comissão se sentem “enganados” pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A denúncia refere-se a decretos publicados no início de dezembro, os quais homologaram duas terras indígenas sem a devida negociação prévia com os representantes das três esferas de governo.
O senador Esperidião Amin (PP-SC) também apontou que a CCJ havia retirado, nos meses de julho e outubro, a PEC 48/2023, que visa incluir o marco temporal na Constituição, facilitando assim um possível acordo sobre a questão das demarcações. Alcolumbre destacou que as terras indígenas Morro dos Cavalos e Toldo Imbu, localizadas em Santa Catarina, foram demarcadas enquanto as negociações estavam em andamento sob a supervisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Como nós estamos buscando um entendimento nessa relação institucional, cabe a esta presidência, que pautou e retirou com base na mesa de negociação, encaminhar um ofício para o ministro Gilmar Mendes, relatando todo esse episódio”, afirmou Alcolumbre, deixando claro seu descontentamento com a falta de diálogo efetivo durante o processo de negociação.
Ele acrescentou que, caso soubesse que a mesa não seria produtiva, teria agido de forma diferente: “Eu tinha colocado na pauta e a gente tinha deliberado a proposta de emenda constitucional”. A lei do marco temporal foi aprovada pelo Congresso em setembro de 2023, com vetos parciais por parte de Lula, que posteriormente foram derrubados pelos parlamentares.
A tese do marco temporal estabelece que os indígenas só detêm direitos sobre as terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988 ou que estavam em disputa judicial na época, uma decisão que foi contestada pelo STF no ano passado, complicando ainda mais as questões de demarcação e direitos territoriais indígenas. Recentemente, Gilmar Mendes prorrogou as audiências de conciliação sobre o marco para 28 de fevereiro de 2025, prolongando um cenário de incertezas para as comunidades indígenas e assessores jurídicos envolvidos.