No último sábado (21 de dezembro de 2024), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decidiu manter a prisão preventiva dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, acusados de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em 2018. A decisão foi anunciada nesta segunda-feira (23 de dezembro).
Os irmãos Brazão, integrantes de uma tradicional família política da zona oeste do Rio de Janeiro, estão presos desde março de 2024 em presídios federais. Desde o início das investigações, eles negam qualquer participação no crime, alegando sua inocência diante das acusações graves que pesam sobre eles.
Conforme a investigação da Polícia Federal (PF), o assassinato de Marielle Franco está ligado ao seu posicionamento contra os interesses políticos e econômicos do grupo liderado pelos irmãos Brazão, que são associados a questões fundiárias em áreas controladas por milícias no Rio. A PF destacou que a vereadora se opôs às práticas ilegais do grupo, o que pode ter motivado o crime.
Em um desdobramento impactante, a delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, réu confesso do assassinato, aponta que os irmãos Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, atuaram como mandantes do crime. Barbosa, segundo a delação, também participou dos preparativos para a execução, envolvendo uma rede de conivência entre autoridades.
Recentemente, tanto Ronnie Lessa quanto o ex-policial Élcio de Queiroz, que conduziu o veículo no dia do crime, foram condenados pelo 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. Lessa recebeu uma pena de 78 anos, enquanto Queiroz foi sentenciado a 59 anos de prisão. A questão permanece delicada e continua gerando repercussões no cenário político e judiciário.
Além disso, o delegado Giniton Lages, que iniciou as investigações, também foi alvo de medidas severas por parte de Moraes. Ele foi afastado do cargo e teve seus proventos reduzidos por suspeitas de interferência nas investigações. Em uma decisão unânime, a 1ª Turma do STF rejeitou o pedido do delegado para reaver o salário integral.
As investigações sobre o caso de Marielle Franco, que chocou o Brasil e o mundo, continuam em andamento, demandando atenção constante das autoridades e da sociedade civil. O caso não é apenas um reflexo da crise de segurança no Brasil, mas também das complexas relações de poder que permanecem nas sombras do sistema político.